segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Olimpismo e filosofia

Era jovem de 28 anos com uma missão de não apenas sonhar, mas realizar.
E sua realização era não menos ambiciosa que influenciar positivamente todas as nações do planeta.
Decidido, acabou sendo o pioneiro de algo que mudou a vida de muita gente. Algo que deu uma razão para muitas pessoas. Uma filosofia de vida.

Talvez seja injusto falar em pioneirismo e filosofia quando os gregos já o realizavam há muito tempo.

Talvez seja melhor definí-lo como corajoso o suficiente para fazer um grande resgate.

Pierre de Coubertin - que era contra o profissionalismo, contra a participação de mulheres, contra esportes coletivos nos jogos e provavelmente contra mais um monte de coisa - acabou criando as bases daquilo que de mais nobre e bonito existe hoje no mundo.

E sempre foi assim, desde os gregos, que paravam as guerras pelos jogos.

Verdade que é uma história com algumas manchas. Já teve ataque terrorista (Munique, 1972), Boicote da Guerra Fria (capitalista em Moscou 1980 e socialista em Los Angeles 1984) e diversas outras histórias nem tão nobres assim. Há quem jure que é mais política do que esporte.

Gosto de acreditar que não.

Gosto de acreditar que os jogos olímpicos representam o que de melhor há na humanidade. Representam o espírito humano de competir e tentar ser melhor sempre. Superar a si mesmo. Mostrar a noção de que uma medalha é o simbolismo de gratificação que, depois de muito, muito esforço, a vida pode nos premiar com algo grandioso. E representa, mais que tudo, cinco anéis olímpicos que, unidos, representam os cinco continentes unidos. Impossível não pensar na obra-prima de John Lennon, tocada ontem na cerimônia de encerramento. "Imagine there's no countries..."

Os críticos com certeza possuem bons argumentos. Não duvido disso.

Mas tendo vivenciado aqui mais uma edição do sonho concretizado daquele jovem, ou quem sabe daqueles gregos, vejo no sorriso e a motivação de 70 mil voluntários que ali encontraram uma causa; vejo uma nação unida na busca de medalhas, e na busca de fazer o melhor evento possível.

Vi o ideal dos cinco continentes unidos por alguns dias na cidade do mundo que melhor poderia representar isso - a metrópole sem dono, a cidade que recebeu imigrantes do mundo todo, a cidade que mais pode se orgulhar de ter filhos cidadãos do mundo.

Vi consagrações, vi derrotas. Algumas que, como atleta, imagino o quanto deve ser difícil digerir.

Mas o que mais vi aqui, foram pessoas se tornando melhores. E isso estava estampado no rosto de cada uma delas.

Não encontrei sequer uma pessoa que não estivesse com astral elevado nesses dias por aqui.

Vivenciar os jogos olímpicos talvez não me tenha feito uma pessoa melhor como certamente fez para tantos voluntários e atletas... mas me fez acreditar num mundo melhor.

Todas essas pessoas... elas não podem estar enganadas.

Os gregos não poderiam estar enganados. E nem aquele jovem de menos de trinta anos que retomou uma história até então perdida.

Vale a pena acreditar num mundo melhor.

Vale a pena ter uma filosofia de vida que seja inspiradora e capaz de transformar o mundo num lugar melhor.

E se existe uma maneira mais bonita e mágica que os jogos olímpicos... eu não sei qual é.

Como eu queria que mais pessoas pudessem vivenciar isso. E quão privilegiado me sinto por estar aqui, ao final dessa aventura, acreditando mais em nós como humanidade.




Um comentário:

  1. Rafael, muito legal este seu blog. Hoje tive a oportunidade de conhecer um pouco da sua trajetória e pude tirar grandes lições em cima das experiências que você compartilha conosco.
    Parabéns! Continuarei acompanhando!

    Gustavo

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