sábado, 11 de agosto de 2012

Os Jogos Olímpicos que eu vi

Amanhã é o último dia de Olimpíadas.

Invevitável pensar na ressaca pós jogos.

Com uma cidade que respirou os jogos em cada esquina nos últimos dias, como voltar à vida normal?

Estar aqui em Londres nesse momento é um sentimento antagônico - realiza um sonho e confirma que o esporte é o que há de melhor para a união das nações e que os jogos evocam um espírito de nobreza humana que me fazem acreditar num mundo melhor - mas também desmistificam o mito em torno das olimpíadas. Explico melhor: estar por aqui, acompanhar de perto a nata do esporte, encontrar atletas na rua, tudo isso torna o sonho muito mais próximo da realidade. O anticlímax de saber que acompanhar as olimpíadas pela primeira vez traz naturalmente esse sentimento único que não mais será sentido numa próxima.

O que vi de Londres 2012 foi uma cidade incrivelmente preparada para receber o evento. Os grandes heróis olímpicos não foram Usain Bolt, Michael Phelps, Mo Farah, etc. Foram os voluntários (e em número recorde, 70 mil!!) que impressionaram a todos com seu entusiasmo, educação, espírito olímpico. Em todo lugar da cidade, e em especial no estádio olímpico, voluntários estavam disponíveis: seja para dar informação, entregar um mapa, te ajudar a atravessar a rua, pedir para liberar a ciclovia dos parques, ou apenas para dar um caloroso bom dia no alto falante e te fazer ter certeza que se está fazendo parte de algo muito especial.

Nas estações de metrô, nas ruas, tudo funciona. A cidade respira jogos olímpicos porque seus habitantes o abraçaram e fizeram com que fosse, na opinião de muitos (pelo menos do que leio por aqui) os melhores jogos de todos os tempos.

No Hyde Park, onde há um telão ao vivo, é impressionante o esforço dos seguranças e voluntários na entrada do parque, que organizam as filas (hoje havia cerca de 50 mil pessoas na área). O almoço desses voluntários, hoje, era realizado na própria mesa onde era feito a revista das mochilas. E ninguém ali com uma cara feia. Todos se sentindo orgulhosos de fazer parte das olímpiadas. De poder ajudar sem receber nada em troca. Verdadeira essência humana.

E o segundo grande destaque, além dos voluntários e da cidade em si, é o desempenho da Grã-Bretanha. Como é bom ver um país sede que supera suas expectativas e faz sua população sentir orgulho em ver o resultado de investimentos muito bem planejados desde que Londres foi escolhida como sede.

Verdade que a Grã-Bretanha sempre teve bom desempenho nos esportes, mas em Londres superaram todas as expectativas se tornando uma terceira potência olímpica. Impossível não se emocionar por exemplo com a história do britânico refugiado da Somália Mo Farah, bicampeão olímpico nos 5.000m e 10.000m.

O número de medalhas de ouro da Grã-Bretanha supera em muito os de prata e bronze, o que indica que o fator casa fez diferença no momento da decisão. Aliás, a soma das medalhas de prata e bronze está próxima do número de medalhas de ouro, enquanto no Brasil pratas e bronzes sempre vêm em maior número.

Além disso, Londres revitaliza uma área degradada com um parque olímpico verdadeiramente épico, por onde passaram cerca de 1 milhão de pessoas por dia.

Uma metrópole que soube se reinventar para o século XXI e que reafirma seu posto de capital do mundo, por toda sua importância história e por definitivamente não ter parado no tempo.

Em nenhuma outra cidade o mundo se sente tão à vontade quanto em Londres - e os jogos olímpicos também.

Que possamos aprender essa essência de voluntarismo, entusiasmo e orgulho com os Jogos de Londres; que o legado das olimpíadas seja duradouro e transpire paixão e vontade para os jovens, incentivando-os à prática de esporte; e que o modelo de organização, transporte público e senso coletivo seja um modelo daqui pra frente.

Por fim, se não for desejar demais, que o espírito vencedor dos atletas britânicos sirva de exemplo para os atletas do nosso país e inspire os políticos a realizarem investimentos no esporte - a êxtase e o sucesso desses dias olímpicos confirmam que vale muito a pena.




Um comentário:

  1. Definitivamente a Inglaterra é O país para se viver. Vamos nos mudar pra lá?

    Fico muito feliz que tenhas vivenciado isso e que tenha dado tudo certo.

    liliescreve.blogspot.com

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