O outro Ironman

"Acordou e nadou 3,800m, pedalou 180 quilômetros e correu 42 na sequência. 

Teve cãibras pelo corpo todo, mas em nenhum momento pensou em desistir.

Não sabiam bem porque estava ali, mas explicou e tudo ficou muito claro.

Tinha que haver um motivo especial, senão... senão nada faria sentido. E tudo fez..."

Eu nem sei bem o que escrever aqui no dia de hoje. Era pra eu estar trabalhando, mas cancelei todas as minhas reuniões. Não aproveitei o tempo para treinar. Porque hoje não é dia para treinar o físico, mas o emocional.

Esse blog não tem o intuito de ser tão pessoal. Mas hoje está sendo.

O Ironman físico não é nada perto do Ironman emocional que estou passando. 

Sempre achei que fosse fazer um ou dois treinos que, ao chegar no final, pensaria... "agora estou preparado, tenho certeza que vou conseguir terminar". 

Esse dia chegou, mas não da forma que eu esperava. Teria sido mais fácil se fosse com um treino, por mais sofrido que ele fosse.

Mas certamente não seria tão eficaz.

Hoje, 11 de abril. O dia que eu senti que me tornei um Ironman. Ele veio antes dos treinos mais difíceis, reservados para as próximas três semanas. Mas já não há necessidade de aguardar por eles.

Posso aguentar qualquer dor física que apareça no dia da prova. A resposta está no espírito, e no coração. E eles já apanharam tanto que qualquer dor física agora é fichinha.

Que venham todas as dores, todos os treinos mais pesados, todas as cãibras no dia da prova. Que doa até o último fio de cabelo. Eu vou chegar até o fim nem que seja engatinhando.

Porque tudo isso tem um motivo muito maior que transcende o esporte.

E tudo vai ficar muito claro. Eu prometo.