quinta-feira, 11 de julho de 2013

Encontro com o ídolo, uma maratona e algumas ladeiras

O estado de Oregon, nos Estados Unidos, está para os corredores (ou pelo menos muitos deles) da mesma forma que Meca para os Muçulmanos. É aquele lugar que você deve ir pelo menos uma vez na vida.

A mística do local - mais precisamente na cidade de Eugene - se dá por várias razões. É lá que fica a lendária pista de Hayward Field, onde diversos grandes atletas passaram, dentre eles o "senhor" ali do meu lado na foto, de quem já escrevi neste mesmo blog, elegendo-o o maior atleta de todos os tempos desse esporte.

Steve Prefontaine não foi o melhor, mas foi na minha visão o maior, por uma série de razões que expliquei AQUI

Foi neste local também, que a partir de uma forma de Waffer, surgiu uma empresa chamada Nike, que mudaria para sempre o esporte.

A missão de encontrar Prefontaine surgiu quando eu e o Sevak (um amigo que tem o sonho de se classificar para a Maratona de Boston) decidimos que ele tentaria o índice na Foot Traffic Flat Marathon, na cidade de Portland, duas horas ao norte de Eugene.

Eu iria puxá-lo para a díficil missão de correr uma maratona sub-3h05. Difícil, mas não impossível para alguém que já tinha corrido 3h15 no ano anterior.

Na véspera da prova, que ocorreria no feriado de 04 de julho nos Eua, fomos buscar inspiração em Eugene.

Visitamos a Pre Rock, rocha onde Prefontaine, aos 24 anos, enfiou seu carro para de lá nunca mais sair.

E tive a honra de correr uma volta de 400 metros (rápida, por sinal) na famosa pista (sim, aqui nos Eua elas tem uma estrutura incrível e, mais importante, são abertas ao público).

Na área da pista há também um museu dedicado àqueles que fizeram a história do atletismo de Oregon, e também dos Estados Unidos, pois ambos se confundem. Não é à toa que ela é conhecida como U.S Track, pois é a pista mais importante do país.



Apesar de toda a inspiração, não conseguimos correr as almejadas 3h05. Passamos a primeira meia maratona em 1h32, e procurei incentivar o Sevak para que ele atingisse o seu máximo. Mas era difícil. A alta temperatura e o sol forte ajudaram a dificultar ainda mais o alcance da meta, e na segunda metade da maratona ele sofreu bastante, não conseguindo manter o ritmo.

Terminamos em 3h27, mesmo assim entre os 20% melhores. O incrível é que a resistência que desenvolvi no treinamento para o Ironman me fez correr a maratona nesse ritmo sem dificuldades, e no dia seguinte eu já me sentia pronto para fazer intervalados.

Porém os intervalados não vieram por um bom motivo. A maratona era na quinta, e no domingo eu iria competir na Golden Gate Park 10k, em São Francisco.

Pelos resultados dos anos anteriores (10 km em 33 minutos) imaginava que teria chance de quem sabe brigar pela vitória. Detalhe - optei pela inscrição de apenas 5 dólares, sem direito a camiseta, mas mesmo assim com uma barra de cereal no kit e água e gatorade durante o percurso. Muito interessante.

Mas minha expectativa de brigar pela vitória baseado no tempo de anos anteriores se revelaria um ledo engano. Fui meio que na "loucura", sem olhar o relógio e sem ter noção do percurso. Na verdade eu percebi pela altimetria que haveria algumas subidas - mas eu não entendo nada do sistema americano de medição de altura. Consigo relevar as milhas, e até a temperatura em fahrenheit, mas a altura em "inches" não dá.

Saí forte, passando o primeiro quilômetro para 3.13 e me sentindo muito bem. Aí veio a primeira subida, a segunda... a essa altura eu estava em quarto. Via os três primeiros cerca de 100 metros a frente. E dois outros atletas vinham comigo no segundo pelotão.

Quando apareceu a terceira subida pela frente, tive certeza que não iria vencer e que tinha cometido um erro grave de começar muito forte. São Francisco é a cidade das ladeiras. É uma atrás da outra. E na metade da prova eu já estava sofrendo. 

Fiz muita força para acompanhar os dois cidadãos da foto aí embaixo, mas não tive forças na última milha e eles abriram vantagem. Resultado final - sexto lugar, com o tempo de 35.28, o que me deixou até contente tamanha a dificuldade do percurso. 

Os primeiros colocados de fato correram para 33 minutos... Mas numa prova plana isso provavelmente equivaleria a 31. Ou seja, desde o início eu não tinha chance de vencer mesmo... só ainda não sabia.


Correndo uma média de 70 milhas por semana, a uma temperatura sempre próxima de 100 graus Fahrenheit... quem sabe um dia eu chegue lá! Inspiração não vai faltar.










Nenhum comentário:

Postar um comentário