terça-feira, 14 de janeiro de 2014

7 Mitos da corrida

Você provavelmente já se deparou com a figura: possui bom porte físico, usa tênis coloridos, normalmente meia de compressão e possui relógio de última geração (com gps, claro). Até aí sem problemas. Acontece que nosso atleta é também um expert quando o assunto é corrida de rua. Suas fontes são variadas: aquela matéria que leu na revista, aquele artigo compartilhado no facebook ou aquele amigo que usa algum equipamento mais high-tech que ele, e que, por isso, deve entender ainda mais do que o seu já alto conhecimento sobre o assunto. Ele não é mal intencionado, apenas imprudente. Instrui e aconselha verdades teóricas, tendo pouca experiência para de fato questioná-las. Afinal, essa parte é apenas um detalhe: ele começou a treinar faz uns três meses, mas já compartilhou tantas fotos de treinos e hashtags no facebook que parece que treinou uma vida.

A corrida é um fenômeno de crescimento no Brasil e no mundo e cada vez mais se escuta falar dela. Cidadãos como o descrito acima proliferam. O problema é que no Brasil, infelizmente, a Educação Física escolar é cada vez menos presente, e o esporte universitário uma vergonha, por isso há pouco conhecimento disseminado, de forma que algumas questões são tratadas quase como verdades universais. Percebo que isso é um problema porque com o crescimento do mercado e do número de praticantes, muitas pessoas que iniciam no esporte acabam seguindo determinados conceitos como dogmas e vão contribuindo para que esses se espalhem.

Decidi escrever esse texto para falar da minha experiência pessoal. Dos meus mitos pessoais. Talvez você tenha uma experiência totalmente diferente com eles, e se tiver, por favor, escreva nos comentários.


Mito número 1 - "Você precisa usar um tênis ideal para a sua pisada".


Na prática: marketing muito bem feito das empresas de tênis esportivos. Salvo casos extremos de pisada realmente fora do normal, o que constitui num caso clínico, tanto faz o tipo de pisada de tênis que você vai usar. Pronada, Supinada, Neutra... provavelmente vai fazer pouca diferença pra você.

Por que acho isso? se você começou a correr há pouco tempo, é bem possível que isso seja um dogma e que você tenha que comprar o tênis certo. Mas quem já corre há mais de dez anos (ou seja, pouca gente, comparado aos que começaram há pouco) dificilmente cai nessa. O problema é que como o mercado cresceu muito nos últimos anos, a quantidade de corredores inexperientes é muito grande, e, assim, quem fala que não entende nada de pisada e não acredita nesse assunto é tido como ignorante. 
Já usei tênis de diferentes marcas, de diferentes "pisadas". Aliás, nunca soube que pisada eu tenho. Já me disseram que sou um grande supinador. Outros dizem que tenho a pisada bem pronada. Vai ver ela deve ser neutra e eu nunca notei.

Mas... Se a pisada é algo dispensável, o peso do tênis não é. De fato faz diferença numa competição correr com um tênis mais leve. De fato corredores mais pesados vão necessitar de mais amortecimento para seus joelhos. O peso é o parâmetro que considero mais importante na escolha de um tênis.


Mito número 2 - "Você precisa fazer musculação para correr melhor e evitar lesões".


Na prática: corredores se lesionando na academia e colocando a culpa de piorarem seus tempos por não terem feito mais musculação. "Os músculos não estão fortes o suficiente", é o que dizem.

Por que acho isso? Fiz pouquíssimas sessões de musculação durante um ano de treinamento para o Ironman. Quando falo em pouquíssimas, uma meia dúzia mesmo. Cheguei a ouvir quem sem musculação não completaria a prova. Felizmente terminei fazendo uma bela maratona. Como não tinha tempo para 'treinar tudo que deveria', sempre trocava a musculação por uma natação a mais, ou uma corrida a mais. Deu certo. Minhas melhores marcas na corrida também foram alcançadas em períodos sem musculação. Eu não sou atleta de grandes marcas, mas e os quenianos que batem recordes mundiais fortalecendo seus músculos na terra, correndo, e que nunca viram uma academia de ginástica na vida? Suspeito que musculação não previna lesão nenhuma na corrida, e que a melhor forma de fortalecer os músculos e articulações na corrida é... correndo. Aliás, suspeito que o componente genético individual de cada pessoa tem um fator tão gigantescamente maior que fazer musculação, que ela se torna irrelevante, pelo menos nos efeitos aplicados à corrida. Musculação te deixa mais pesado e mais lento. Se quer ficar com os músculos fortes para correr... então corra. O princípio da especificidade vale muito aqui. Neste link, aliás, há um artigo em inglês comentando de exercícios de musculação que são inúteis para a corrida.

Mas... há excessões, sim. Penso que alguns exercícios são excelentes: saltos e subidas de escada, por exemplo. E, claro, há vários outros.


Mito número 3 - "Alongar é fundamental"


Na prática: diversas pesquisas científicas versam sobre a inutilidade do alongamento e até seus efeitos ruins na corrida.

Por que acho isso? Esse link contém artigo com diversas fontes científicas que explicam o que penso. Fonte: o excelente blog Recorrido, do meu amigo Danilo Balu, um dos caras que mais entendem de corrida no Brasil. Basta uma passada no blog para ter certeza disso.

Mas... O próprio link acima conclui que o ruim não é o alongamento em si, mas a forma e o momento em que é feito. Creio que uma sessão de treinamento por semana focada em alongamentos pode trazer benefícios. Mas antes e depois do exercício... é ir contra as fontes científicas mais respeitadas no assunto.


Mito número 4 - "Uma boa noite de sono é fundamental para competir bem"

Na prática: corredores atribuem resultados ruins por falta de sono, ou tomam remédios na noite anterior para supostamente dormir bem e poder competir bem no dia seguinte. Mas o sono da noite anterior pouco tem a ver com desempenho.


Por que acho isso? esse é um dos mitos mais surpreendentes e difíceis de entender. Não consigo compreender como ele é repetido exaustivamente sendo que quem participa de competições já teve a oportunidade de testar em si mesmo e ver que ele não funciona. Quanto mais importante é a competição, maior a adrenalina e o nervosismo na noite anterior. Não dorme-se direito mesmo. Isso não significa que você não competirá bem, pelo contrário. A adrenalina é um bom sinal. Meu melhor tempo de dez quilômetros foi feito sem dormir um minuto. Tinha ido para uma festa na noite anterior e fui correr virado. O Ironman é um outro bom exemplo. Parece difícil de acreditar que você leva seu corpo ao limite em 10 horas de prova e quase nenhum sono na noite anterior... mas é exatamente isso que acontece. Ninguém dorme bem antes de um Ironman. Pelo menos não conheci ninguém até hoje. Penso, aliás, que o efeito é justamente o contrário. Na prática, lembro de competições ruins em que tive uma excelente noite de sono no dia anterior, mesmo estando bem preparado fisicamente. Antes de atribuir a culpa à falta de sono... atribuo a culpa à falta de adrenalina. 

Mas: dormir mal por várias noites seguidas não ajudará e de fato pode afetar o desempenho. Dormir mal na véspera não significa que você competirá mal, mas que estará bem cansado após a prova. A imunidade vai lá embaixo, com ou sem um grande desempenho, e aí é preciso dormir bem.


Mito número 5 - "Você precisa usar suplementos".


Na prática: corredores carregando sachês de gel, bagas de cafeína e pó de guaraná... pra correr cinco quilômetros. Atletas de elite ingerindo... água. Desconfie do atleta que anda com garrafinhas e penduricalhos pelo corpo. O grande corredor quase sempre é aquele canela fina que vai optar pela água.

Por que acho isso? suplementos são interessantes principalmente para atletas de altíssimo nível que, em determinados períodos de treinamento, precisam aguentar cargas enormes e intensas de treinamento. Dificilmente - lembre-se, eu disse dificilmente - um atleta amador não poderá encontrar aquilo que precisa em alimentos comuns do dia a dia. Mesmo no treinamento para o Ironman eu utilizei pouquíssima suplementação. Inclusive no dia da prova meu composto de proteína e carboidrato voou da bike no início do pedal e eu não parei para buscar. Não me fez falta - passei o pedal à base de gatorade e a maratona à base de Pepsi e deu tudo certo. Aliás, essa é outra surpresa para boa parte das pessoas: a organização do evento fornece refrigerante, tido como um grande vilão dos atletas e da boa alimentação, devido à hipoglicemia que atinge os atletas de provas de endurance. Sem exageros, bebi cerca de dois litros de refrigerante durante os 42 quilômetros. Sem Pepsi muita gente não terminaria a prova. Uma alimentação saudável pode ser algo muito relativo.

Mas... acho importante ir a um nutricionista e avaliar seu caso individualmente, para analisar o que é mais adequado ao seu caso e sua rotina. 


Mito número 6 - "Você precisa treinar com um profissional de Educação Física".

Na prática:  profissionais com diploma e pouco conhecimento atuando no mercado. Excelentes treinadores desenvolvendo a corrida pelo mundo sem os tais diplomas.


Por que acho isso? existem grandes profissionais com diploma de Educação Física que são excelentes treinadores. Sou sócio de um deles e sou treinado por outro. Não coloquei esse mito para falar mal de uma profissão que valorizo acima do que o país está aprendendo só agora a valorizar, mas sim para compartilhar meu desprezo por essas ideias burocráticas e atuações de conselhos e entidades de classe que pouco tem a ver com a realidade. Bom, estamos no Brasil, e aqui teoricamente um profissional da saúde que tenha um ph.d em fisiologia e tenha sido um ex-atleta de alto nível não pode prescrever um treino porque... bem, ele não tem um diploma de Educação Física. Enquanto isso nos Estados Unidos e na Europa, destaca-se na profissão de treinador quem simplesmente faça um trabalho de qualidade com resultados práticos. As pessoas recebem mais educação e conhecimento desde a escola básica e isso resulta em mais ferramentas para avaliar a qualidade de um trabalho. Sem querer criar polêmica, mas em quem você mais confiaria para te prescrever um treino: um ex-atleta de alto nível que passou mais de uma década treinando diariamente e convivendo com o esporte... ou um profissional com diploma na área, que teve duas ou três cadeiras relacionadas ao assunto na faculdade, mas com pouca ou nenhuma experiência prática? Entre os dois, no Brasil, temos que escolher a segunda opção. Nos Estados Unidos e na Europa normalmente se escolhe a primeira, e eles estão anos luz na nossa frente em número de praticantes e resultados esportivos...

Mas: O treinador ideal provavelmente será aquele que foi um excelente atleta e estudou muito sobre o assunto. Uma combinação de prática e teoria. O que eu discordo é dessa hiper valorização da teoria em detrimento da prática.


Mito número 7 - "Correr machuca os joelhos"

Na prática: pessoas iniciando e desistindo da corrida rapidamente com dores, sobretudo nos joelhos, dizendo frases como "não nasci para correr". Em boa parte dos casos uma grande desculpa, ou uma falta de conhecimento mesmo.

Por que acho isso: correr vai muito provavelmente fazer seus joelhos doerem. Dores na canela também são comuns. Musculares (panturrilhas, em especial) nem se fala. Eu particularmente costumo ter dores nos pés. Nossos ancestrais provavelmente também sentiam dores no dia seguinte àquela corrida para caçar um animal e garantir a sobrevivência da família. Mas eles não tinham opção. No mundo moderno temos todas as comodidades possíveis para não precisar fazer nenhuma atividade física. Os resultados estão aí... nem preciso descrever os níveis de obesidade e blá blá blá. O que me surpreende é que as pessoas querem correr, e não sentir dor. A dor deixou de ser normal. Afinal, o normal é viver uma vida sedentária. Nossos músculos e pulmões pouco trabalham e está tudo bem. E aí queremos começar a correr e, surpresa, queremos não sentir dor! Grande audácia de nossa parte como humanos, penso eu. Correr dói mesmo. Assim como o futebol, a musculação, a dança e qualquer outra atividade física. A boa notícia é que quanto mais preparado estamos... bem, mais preparados estão nossos músculos e nossa capacidade cardio-respiratória! E, assim, vamos sentindo menos dor e mais prazer na prática da atividade física. Assim, se você é iniciante e sente dor ao correr... em boa parte dos casos alegre-se e encare como um "vá em frente, você está no caminho certo".

Mas... É lógico que 'há dores e dores'. Um alto percentual dessas dores iniciais são normais, e o bom de se tornar um atleta amador é que você passa a se conhecer melhor em diversos aspectos. Um deles é ser capaz de separar o 'joio do trigo' no quesito dor. Há dores que você sabe que são preocupantes e vão requerer tratamento. Há dores que... bem, são normais e fazem parte da atividade física. No começo é muito difícil de avaliar, por isso que recomendo visitas a um fisioterapeuta, sobretudo durante o período inicial de treinamento... mas com o passar do tempo você se tornará um verdadeiro expert em reconhecer essas dores (e, claro, quando reconhecer a 'dor ruim', que é uma minoria, não deixe de visitar o fisioterapeuta e/ou médico...)

E aí... concorda com esses mitos?

Discorda?

Adoraria saber nos comentários!

R U N !

15 comentários:

  1. E aí Rafa Maioral, sempre passo por aqui para ler de seus treinos e de suas provas. Parabéns por este texto de mitos.

    Sou bem amador, da nova geração com este boom que ocorre agora, treino há 4 anos e meio.

    Sou leitor assíduo de tudo sobre corrida até enjoei das revistas que ficam sempre no blá blá blá para iniciantes ... legal ler alguém que tem mais experiência, mesmo de amador de alto nível, como vc se classifica.

    Sobre os mitos, não tiro nem acrescento nada, excelente, exceto sobre o alongamento. Também acho que não seja fundamental, mas creio ser de muita valia ao atleta, por soltar e destravar, melhorando a dinâmica de corrida. Concordo que antes da prova não seja o momento certo.

    Se me permite, pretendo reproduzir esse texto no nosso blog de corrida.

    Abraços,

    Rodrigo Augusto
    corridaderuams.blogspot.com.br

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    1. Obrigado pelo comentário Rodrigo Augusto! Sim, o alongamento pode ser útil, como comentei durante a descrição do mito. Inclusive eu costumo fazer uma sessão de treinos por semana apenas de alongamentos. Acredito apenas que normalmente ele é feito no momento errado. Pode reproduzir o texto no blog sim! Grande abraço.

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  2. Valeu !!! semana que vem, movimentará nosso blog, com a devida menção de sua autoria e de seu blog.

    Tbm concordo que ocorre aqui reserva de mercado com leis para tudo, há excelentes profissionais formado em EF, mas confiaria meu treinamento a apenas um corredor que já sentiu na pele por muitas temporadas o que é correr. Passar planilha e aquecimento até eu sei fazer,

    mas nossa constituição reserva aos profissionais habilitados ! bacana saber como funciona lá fora.

    bons treinos,

    em abril correrei a meia de Joinville.

    Rodrigo Augusto

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    1. Beleza Rodrigo, valeu pelos comentários! Eu concordo plenamente contigo. Acho fundamental ter um treinador que conhece o esporte na prática. É assim que funciona nos países onde o atletismo e as corridas realmente são levados a sério (tanto no aspecto saúde quanto no aspecto competitivo). Se um dia precisar dos serviços da minha empresa (momento marketing hehe) para seu treinamento, seria um prazer para nossa equipe treiná-lo.

      É possível que eu esteja correndo em Joinville a meia, como preparação para a maratona de Porto Alegre em maio... nos vemos por lá então!? Grande abraço.

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  3. Já tive a oportunidade de me inserir no esporte da corrida e também derruí várias teses, como algumas dessas que você bem elencou.
    Apenas fico em dúvida no tocante ao tópico da musculação. Isso porque, eu não fazia academia quando iniciei minhas corridas e, com isso, tive que parar de correr, em razão de tendinite patelar. Já faz uns 4 meses e ainda não me recuperei.
    Então, fico aqui me questionando se não poderia ter evitado tudo isso com trabalho muscular.
    No mais, gosto muito do seu blog, acho muito detido à realidade do esporte e contagiante. Parabéns, let's continue!

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    1. Obrigado pelos elogios! Sobre a musculação, certamente há certos exercícios que podem ser úteis, minha crítica é quanto ao fato de muitos acreditarem que ela é 'fundamental' para evitar lesões e alcançar suas melhores marcas - fundamental para o corredor, é correr. Um grande abraço e obrigado pela crítica construtiva : )

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  4. Cesar Augusto Martins27 de janeiro de 2014 às 04:03

    "Musculação" pode ser que não. Mas "fortalecimento" sim. Também não digo que seja "fundamental", mas funciona muito bem como complemento, principalmente quando você atinge um nível de treinamento, em quantidade e/ou intensidade, que comece a castigar mais seu corpo. Isso vale tanto para quem já treina há muito tempo como para quem veio do sedentarismo. Os mais jovens certamente sofrem menos desse problema. Vou colocar de uma forma pouco científica, mas que você que pratica provas duras e longas vai concordar comigo. Imagine você num Ironmen depois de 2, 3, 4 horas de prova. Mesmo bem treinado, vai começar a "entortar". Todos, em algum momento, começam a ter fadiga nos grupos musculares mais exigidos (e treinados). Daí, você naturalmente começa a depender dos grupos musculares menos exigidos (isso é "entortar", por definição). Se esses grupos musculares forem fracos, você "quebra" em pouco tempo. Existe alguma outra forma de se resolver esse problema sem musculação/fortalecimento? Tem: fazendo treinos de 2, 3, 4 horas! (ou seja, não tem, né?) :-D Eu costumo fazer uma analogia com uma laje sustentada por pilares fortes nos cantos e pilares fracos no centro. Quando a carga sobre laje aumenta e os pilares fortes começam a envergar, a carga vai gradativamente caindo sobre os pilares fracos. Se estes forem fracos demais, eles se partem e... fim de jogo.

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    1. César, obrigado pelo comentário, mas discordo de você. Pelo que você disse, não há como fazer uma prova de endurance sem musculação/fortalecimento. Sim, você precisa dos músculos fortes, mas vai adquirir isso correndo/pedalando/nadando de maneira mais eficiente do que na academia. Como disse, terminei o Iron sem qualquer trabalho de musculação/fortalecimento e não quebrei. Há muito mito em torno disso. E bom, treinando para o Ironman é sim muito comum realizar treinos de 2, 3, 4 horas e até mais, como você sugeriu que não era possível. O que fortalecerá sua musculatura é justamente uma carga horária de treinos condizente com a prova que irá fazer. Para o Iron é muito comum você treinar cansado, isto é: fazer um treino de 4 horas num sábado, e mais 2-3 horas no domingo. É isso que tornará a musculatura preparada para terminar a prova, e não horas de academia.

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    2. Cesar Augusto Martins27 de janeiro de 2014 às 08:22

      Horas de academia? Não... O que eu quis dizer, basicamente, é que com menos de uma hora de academia você treina grupos musculares que só conseguiria treinar em horas e horas de corrida. As pessoas geralmente concordam com isso, mas se enganam ao pensar que aqueles grupos musculares fortalecidos na academia não precisariam ser treinados pois não seriam usados na corrida (vejo que você é uma dessas pessoas). Foi isso que eu tentei dismistificar através do exemplo que dei. Em outras palavras, sim você tem razão em achar que não é necessário. Mas o dia em que você buscar jeitos de fazer treinos mais eficientes, vai começar a entender.

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    3. Cesar Augusto Martins27 de janeiro de 2014 às 08:33

      Aliás... na verdade, entre os atletas e treinadores de elite, o mito é o inverso do que você colocou. Muitos treinadores e atletas (das antigas) ainda acham que musculação/academia não ajuda. Vanderlei Cordeiro e vários outros já disseram que nunca fizeram musculação. Mas há exemplos mais atuais que já mostraram que esses estavam errados. Saindo das corridas, por exemplo, procure investigar o que mudou do treinamento do Gustavo Borges para o do Cesar Cielo. O segundo passa muito mais tempo treinando fora da água. Enfim... acho que se você for atrás de mais informação, vai acabar se convencendo disso.

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    4. César, você deu exemplo de atletas profissionais - nem precisava sair do atletismo, ninguém discute que atletas como Mo Farah e Galen Rupp, só para citar dois que fazem parte do projeto da Nike em Oregon, treinam muito além da corrida em si. Acontece que a diferença dos exercícios praticados por esses e da "musculação" que temos como padrão é tanta que considero um outro tipo de treino. Eu mesmo já fiz bastante séries de saltos, escadas, rampas. O que eu critico é deixar de correr para ir na academia fazer série de leg press, adutor e extensor, e achar que isso é fundamental para evitar lesões e correr melhor. Quando o Vanderlei Cordeiro diz que nunca fez musculação, é esse tipo de musculação que ele se refere, pois certamente ele também fez muito trabalho de fortalecimento focado ao atletismo.

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    5. Cesar Augusto Martins27 de janeiro de 2014 às 12:52

      Citar exemplos de amadores que se beneficiaram fazendo musculação é mais fácil ainda (posso citar eu próprio como exemplo de corredor que nunca fez, estagnou, começou a fazer e voltou a melhorar). Acho que você está cético quanto à musculação porque não está olhando para os exemplos certos. E é fácil entender isso, pois a maioria dos amadores faz errado mesmo. É comum, como você mesmo disse, o cara "trocar" a corrida pela academia. Não entendem o sentido da palavra "complemento". Assim como também fazem errado os educativos, erram nos intervalados e por aí vai. E depois saem dizendo que aquilo tudo é "mito", que não ajuda em nada. Muita calma nessa hora! Tem muitas coisas que funcionam sim, mas é preciso observar e aprender com quem sabe. Daí a importância de se ter um bom treinador, que não se resume em alguém que tenha um diploma, como você mesmo disse muitíssimo bem. Eu posso até apostar com você e com todos que nos lêem, que se vocês fizerem regularmente (uma ou duas vezes por semana) exercícios de fortalecimento/musculação de forma inteligente (circuitos complementares, sem objetivo de hipertrofia, apenas resistência e regeneração) você vai logo perceber que estará aguentando mais os treinos, retardando a fadiga, dores, se recuperando mais rápido, enfim... se sentindo mais fortes, ágeis, resistentes e consequentemente melhorando suas performances, SEM ter que aumentar quilometragem semanal ou horas de treino. Óbvio que há outros caminhos para se melhorar performance e dentre eles está o aumento das rodagens/quilometragem. Mas essa maneira é tão limitada e burra que não deveria ser recomendada nem para um amador de pior nível.

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    6. César, obrigado pela sua participação e opinião construtiva no meu blog - depois da sua última postagem ficou mais claro, e parece que no fundo partilhamos da mesma opinião, ou ao menos parecida - fortalecer a musculatura, sim, o problema é que isso é normalmente feito da forma errada. Bom, eu já fiz bastante musculação, assim como você - tive resultados melhores quando passei a utilizar de outras práticas, como treinar duas vezes por dia algumas vezes por semana. A musculação, quando focada para a corrida, pode ajudar (embora ela quase nunca é), mas ainda assim, em minha opinião e prática pessoais, ajuda menos do que aumentar o volume de treino. Infelizmente como amadores nunca temos tempo de fazer tudo. Eu tenho certeza que um dos motivos de eu ter terminado bem o Ironman foi ter trocado as sessões de musculação por mais treino. Mas isso é só minha opinião e eu agradeço novamente você por expor a sua de maneira tão boa.

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  5. Bom dia, caro Rafa,
    Tive acesso hoje ao seu texto. Muito bom. Realmente, corro regularmente desde 2006 e concordo com a maioria dos mitos explicitados por você. Não tomo refrigerante no meu dia a dia, mas nunca entendi o porquê de condenarem o seu consumo mesmo em dias de provas, afinal, quer melhor fonte de carboidrato? Faz todo o sentido o que você disse. Também nunca dei muita bola pra esse negócio de pisada. Já usei tênis para pisada neutra, pronada e supinada. Já fiz também alguns testes de pisada, e os resutados vão de neutra à pronada. Ou seja, nem os testes são precisos. Outro mito que eu acho que deveria ser acrescentado é o da durabilidade dos tênis. Já vi muita marca recomendado que se rode 500 km com o tênis. Se fosse levado a ferro e fogo essa recomendação, um tênis não duraria nem uma temporada de treinos para uma única maratona, na qual você vai correr uns 1000km. O meu Nimbus atual já rodou 1500 e ainda continuo achando ele confortável e seguro, diferentemente do meu atingo Pegasus, que usava junto com o Nimbus e não aguentou 800km, apesar de achá-lo muito bom (sou apegado às tradições). Nesse caso, como você disse, a prática te leva a reconhecer quando um tênis já deu e quando ele ainda aguenta o rojão. Valeu pelo post. Serviu para eu ver que não estou sozinho nas minhas ideias sobre corrida.

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    1. Angelo, sobre refrigerante, acho útil em provas de endurance, como ultra maratona / ironman. Em provas de cinco e dez não faz sentido da mesma forma que não faz sentido gel e um monte de outras coisas. Muito bem notado a questão da quilometragem do tênis. Penso ser pura bobagem também. Aliás, já que você comentou do Nike Pegasus (tênis que também adoro), eis mais um mito que poderia ser incluído: 'os tênis de corrida da Nike são ruins'. Já vi tanta gente falando isso no Brasil sem qualquer conhecimento... Obrigado pela sua contribuição!

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