quinta-feira, 22 de maio de 2014

A Maratona em Porto Alegre

Fui para a Maratona de Porto Alegre com grandes expectativas. Muito bem preparado, esperando um percurso plano e temperatura perfeita. Os treinos indicavam um resultado em torno de 2h40, ou seja, apenas uma tragédia não me faria bater meu recorde pessoal, de 2h54'50" obtidos em Nova York, 2011. Aliás, essa havia sido também minha última maratona. Estava com saudades.

Pré-prova

Com a visita de um amigo estrangeiro, passei boa parte do sábado fazendo turismo. Ou seja, caminhei bastante, em shopping, parque, e nas redondezas do Jockey Club, local da retirada do kit. O site da organização falava em um ônibus que levaria os atletas para a retirada do kit, porém sem especificar o horário (dizia apenas sair às 11h do aeroporto, passando pela rodoviária), resolvi não arriscar e fui de taxi. Ouvi relatos de problemas de atletas que esperavam pelo ônibus.
A entrega do kit é bem organizada, rápida, e bacana, com boa estrutura para os atletas.
Fui em um bom restaurante de massas (não há jantar de massas oficial, uma pena), e dormi cerca de três horas, como de praxe na véspera de uma competição.

A Prova: Temperatura perfeita... mas Plana?

A Maratona de Porto Alegre tem fama de ser rápida, por ser plana e ter a temperatura ideal. Acontece que a prova não pode ser chamada de Plana. Não há nenhuma subida muito considerável, mas há sim bastante desnível e uma elevação total que chegou próxima dos 200 metros no Garmin. Não é muito, ok, mas o suficiente para a prova não ser plana. O fato de ser rápida também é questionável. Há muito zigue e zague no percurso. A temperatura, de fato, é ideal. Amena, com pouco vento. E o nível dos atletas, profissionais e amadores, é alto, o que ajuda o nível da prova. Acho que a Maratona de Porto Alegre é sim rápida (Floripa tem potencial para ser mais), mas para os padrões brasileiros, de poucas maratonas e pouca competição nesse sentido.

E o sub-2h40?

Com muitos zigue/zagues e curvas, houve uma grande defasagem da quilometragem oficial da prova, e da quilometragem do Garmin. Eu sabia que estava preparado para fazer passagens muito próximas na primeira meia e na segunda meia. Assim, no Garmin, passei a primeira metade um pouco abaixo de 1h20, em cerca de 1h19'30, mas no oficial da prova passei segundos acima de 1h20. Meu melhor período da maratona se deu do quilômetro 18 ao quilômetro 35. Ali eu me sentia muito bem, aumentei o pace em 1-2 segundos e, na minha cabeça, planejava uma acelerada nos últimos 3-4 quilômetros, para então atingir a meta do sub-2h40. Porém, no trigésimo sexto quilômetro comecei a cair. No início eu nem percebi, pois parecia estar correndo no mesmo ritmo. O trigésimo sétimo foi mais difícil. O trigésimo oitavo piorou ainda mais. E no trigésimo nono eu tinha certeza... estava, afinal, correndo uma maratona. O quadragésimo e o quadragésimo primeiro foram os mais difíceis da prova, e cheguei a rodar próximo dos 4 min/km. Acelerei um pouco no último quilômetro, mas não teve jeito. Fechei a prova em 2h41'22".

Pódio e premiação

A estrutura de chegada estava ótima, com isotônicos, frutas, bolachinhas e massagens, que prontamente fui fazer. Embora não tenha conquistado o sonhado sub-2h40, consegui um dos resultados mais importantes da minha carreira de atleta amador: um pódio de terceiro lugar na categoria de 25-29 anos, que me rendeu 200 reais de premiação e um troféu a ser guardado com carinho. Terminei a prova em 27º lugar geral - em nenhuma outra maratona do Brasil eu terminaria tão longe na classificação geral, o que aponta um bom nível competitivo dos atletas amadores em Porto Alegre. Assim, apesar do 2h41 e do gostinho amargo do "quase", o pódio compensou e eu fiquei muito satisfeito com o resultado final.

O que eu comi

Não sou muito adepto de frescuras, bagas, suplementos e outras substâncias mirabolantes que corredores utilizam em Maratonas. Até porque, em geral, quanto mais rápido o corredor, menos ele utiliza géis e outros repositores antes e durante a prova. Assim, tive um café da manhã com 04 fatias de pão: duas com peito de peru e queijo, e duas com geléia. Tomei um copo de suco de laranja. E comi uma fatia de melão. Simples assim.
Durante a prova, tomei dois géis, e fui alternando entre a água e o isotônico (bem mais água que isotônico, diga-se de passagem). Vale dizer que com essa estratégia não fui ultrapassado durante a prova, e tive energia para quase "negativar" a maratona (correr a 2a metade mais rápida que a primeira - faltaram alguns segundos).

Tênis que usei

Brooks T7 Racer. Vale dizer que essa foi minha 11a maratona, e todas elas eu fiz com essa série de Brooks (usei bastante o T5 Racer e o T6 Racer, o T7 é a versão atual). O único outro tênis que eu me vejo utilizando para Maratonas (e também meias) é o Saucony Kinvara.

Pós-prova

Minha maratona com parciais pode ser vista em:
http://connect.garmin.com/activity/503787591

Os resultados estão disponíveis hein:
http://www.corpa.esp.br/31mipoa-maratona-masculina%202.txt

Próximos desafios

Ainda estou planejando, mas devo correr a Meia de Floripa dia 08 de junho, aproveitando o lastro de Porto Alegre. Antes, dia 01 de junho, estou inscrito no Blumenau 10k, onde ainda não sei se correrei pra valer, ou acompanhando algum colega. Vai depender da minha recuperação.

Estou me coçando com relação à Maratona de Florianópolis em agosto. Com 2h41 tenho chances reais de brigar por um pódio geral. Quem sabe...

7 comentários:

  1. E aí Rafael, parabéns, seu empenho nos treinos te levaram a essa ótima marca e não ficou longe do sub 2h40 que seria fantástico e para poucos amadores !!! . Os R$ 200,00 já ajudam a pagar parte da viagem.

    Abraço
    Rodrigo Augusto
    corridaderuams.blogspot.com.br

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    1. Valeu Rodrigo! Na próxima irei melhorar e tentar entrar na casa do 2h30. Grande abraço!

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  2. Parabéns pelo desempenho e força durante a prova, caraca o cansaço mais forte aconteceu bem no final da prova, vejo como bom ser no final, assim não teve muito tempo de perca.

    Engraçado é você falar, correr próximo de 4:00 o km... hehehe

    Tempaço, parabéns.. e de quebra pódio na minha categoria.. :)

    Acompanho com frequência o blog.

    Abraço
    corridaderuams.blogspot.com.br

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  3. Obrigado André! Para esse cansaço chegar apenas nos últimos km's, é necessário muito volume de treino. Para esta maratona consegui manter uma média de ~100 km/ semanais. Bons treinos. Grande abraço!

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  4. Olá Rafael. Legal seus textos e mais legais ainda seus desempenhos nas corridas. Parabéns.
    Observei que você comentou pensar que a Maratona de Santa Catarina tem potencial para ser mais rápida que Porto Alegre. Vou correr em Florianópolis pela primeira vez este ano e estou procurando informações confiáveis. Decidisse correr a prova? Você tem alguma dica?
    Meu melhor tempo até hoje foi 3:30 em Paris 2013. Estava pronto para 3:20, mas vacilei indo muito forte na primeira metade. Vou tentar buscar esse 3:20 agora em Floripa. Vamos ver...
    Abraço,
    Marcos.

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    1. Olá, Marcos!
      Acabei decidindo não correr a prova. Pelo menos não a maratona. Talvez o 5 ou o 10. Entretanto, eu já corri a prova em 2008. Foi minha primeira maratona. A prova é sim plana, à exceção dos elevados. A temperatura normalmente é ideal. O que julgo que pode ser um problema é o vento. Dependendo do dia, ele vai prejudicar bastante o desempenho. Se o vento estiver fraco, tem tudo para fazer uma grande prova. Outra questão que considero um problema é a falta de competitividade. Embora o percurso em si seja melhor para um recorde pessoal que Porto Alegre, a prova possui menos atletas. Acredito que por volta de 3h20 não sentirás tanto esse problema do isolamento. Minha sugestão é... aguarde a semana da prova para verificar as condições do vento. Se estiver tudo ok, não vejo porque não farias uma marca melhor que Paris.

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  5. Muito obrigado Rafael. Suas informações certamente vão ajudar. Fica claro agora que é plana sim e que o vento realmente pode ser forte de verdade e complicar. Vou ficar atento, ver qual será a previsão e ajustar a estratégia se for o caso. Pensava: mas não é um percurso ida e volta e o vento uma hora atrapalha e outra ajuda? Valeu mesmo!

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